PEDÁGIOS EM SÃO PAULO

VISÃO DE LUIZ NASSIF

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23/12/2009

As bases do crescimento sustentado

Coluna Econômica - 23/12/2009

É interessante compreender melhor porque o momento atual é o mais relevante da história moderna do país, a primeira oportunidade efetiva de um salto sustentável à frente. Historicamente, o país sempre oscilou entre políticas populistas e políticas exclusivamente voltadas para o desenvolvimento de empresas. Poucas vezes houve equilíbrio nesse jogo. *** Tome-se o movimento de 1964. Nos dois primeiros anos – de Castello Branco – promoveram-se reformas institucionais relevantes. Havia uma visão sistêmica de país. Contemplava-se o mercado de capitais, a criação de linhas de financiamento para inovação, a simplificação tributária. E também se pensava na modernização das relações do campo, com o Estatuto da Terra. *** Entre a ideia e a implementação vem a política. E aí – como no Plano Real, em 1994 – entram as limitações da elite intelectual, empresarial e política brasileiras. O dia a dia da política sempre se interpõe ao das ideias. Nos Estados Unidos, em momentos cruciais as grandes ideias, os fatores portadores de futuro encontravam estadistas dispostos a encará-las contra todas as pressões. Havia uma opinião pública sofisticada – nas Universidades, em organizações civis -, e um sentimento de nacionalismo essencial para que temas fundamentais obtivessem apoio político. *** No Brasil, o pragmatismo míope da política do dia a dia e a carência de Estadistas – não apenas no governo, mas na sociedade civil – criaram modelos que se sustentavam em uma perna só. Foi o caso do regime militar. Passado o período modernizante de Castello e o caos de Costa e Silva, seguiu-se uma política de construir grandes grupos nacionais à custa de incentivos fiscais de toda espécie. Era uma bandeira com uma justificativa teórica por trás – crescer para depois dividir o bolo; criar o faroeste para depois colocar o xerife – adotada pelos resultados imediatos. O regime conseguia aliados no empresariado, legitimava-se pelo discurso do Brasil grande. E o Ministro da Fazenda ganhava estatura política. Mas não se olhava o futuro. *** O resultado final é conhecido. Criou-se uma disparidade de renda inédita nas modernas economias. O regime tinha olhos apenas para grandes empresas. Modernizava as telecomunicações, o setor elétrico, mas não cuidava do social. Houve a deterioração dos serviços públicos, a crise no campo, o empobrecimento nas cidades. *** O discurso de que aumentou a disparidade, mas todos melhoraram, não resistiu à crise das contas externas. O país não conseguiu se segurar no mercado interno, porque o modelo anterior privilegiava apenas os grandes grupos. Foi essa mesma lógica que impediu o Plano Real de ter ido além da estabilização e se convertido em uma explosão de crescimento sustentado. Só com a crise do ano passado, se percebeu que a grande mudança de rota, que levou o Brasil para o caminho do desenvolvimento sustentado, passa pela visão do país como um todo: estímulo às empresas, à distribuição de renda, ao agronegócio, à agricultura familiar. Crescimento do PIB dos EUA foi menor O crescimento da economia norte-americana ficou abaixo do esperado no terceiro trimestre. De acordo com o Departamento de Comércio, o número final do PIB avançou 2,2% em relação ao mesmo período de 2008, abaixo dos 2,8% da divulgação preliminar. Mesmo assim, este foi o primeiro resultado trimestral positivo, deixando para trás quatro trimestres consecutivos de queda. No período, a economia reagiu aos estímulos públicos como o programa de compra de carros e corte do imposto do primeiro imóvel. Crédito vai representar 48% do PIB O crescimento do crédito em 2010 será de 20%, o que deve elevar a participação total dos empréstimos para 48% do PIB, estimou o Banco Central. A expansão dos financiamentos será liderada pelos bancos estrangeiros, na visão do diretor de Política Econômica do BC, Mario Mesquita. Em 2009, o crédito vai avançar 16% sobre 2008 e atingir 45,3% do PIB, puxado pela ampliação do crédito dado principalmente pelos bancos públicos. BC rebaixa projeção de PIB O crescimento da economia abaixo do esperado no terceiro trimestre (1,3%, abaixo dos 2% projetados) fez com que o Banco Central revisse suas estimativas para este ano e divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação. A economia deve crescer 0,2% este ano, ao invés dos 0,8% anteriores. No entanto, espera um crescimento de 5,8% no próximo ano, em função da “retomada consistente da economia” em todos os setores. Receita arrecada volume recorde A Receita Federal obteve uma arrecadação recorde em novembro, fruto da recuperação da atividade econômica. A arrecadação total de impostos e contribuições federais atingiu R$ 72,09 bilhões, o maior resultado mensal de 2009 e melhor produção de todos os meses de novembro. Apesar disso, a arrecadação acumulada até novembro, de R$ 624,420 bilhões, está 3,99% abaixo da verificada no mesmo período de 2008. Bem-estar social virá dos altos tributos O governo vai manter alta a carga tributária em função da necessidade de financiar o bem-estar social. "Não tem país no mundo em que o Estado possa fazer alguma coisa, que não tenha uma carga tributária razoável. A Europa toda como exemplo, os Estados Unidos e o Japão. Os estados só podem ter o bem estar social porque eles têm recursos", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, ter medo de um Estado forte "é bobagem", e o Estado não pode ser é "intruso". Desemprego vai cair em 2010 O desemprego atingirá o seu menor nível em 2010, chegando a uma taxa média de 7,8%, projetou o Banco Central. O montante ficará abaixo da estimativa média para 2009 (8,1%) e abaixo da taxa de desemprego de 7,9% de 2008. Para o diretor de Política Econômica do BC, Mario Mesquita, o efeito menor da recessão e a retração não tão forte – que praticamente só atingiu a indústria – são fatores que sustentam uma visão positiva para 2010.

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