Mina de ouro eleitoral: ajudar o pobre
Posted: 12 Nov 2009 04:13 PM PST
O projeto do governo federal de distribuir celulares para as 11 milhões de famílias que recebem o bolsa família deflagrou mais uma onda de fúria conservadora entre os exércitos idiotizados que fazem uma leitura servil da grande mídia. Trata-se, no entanto, de uma idéia estupenda, e que pode ajudar imensamente essas famílias a sair da pobreza, pois lhes dará acesso a uma tecnologia essencial para quem almeja integrar-se ao mercado de trabalho.
As pessoas que criticam a medida são os mesmos egoístas mesquinhos de sempre. Não reclamam quando o governo dá isenção fiscal equivalente a bilhões de dólares para os magnatas da indústria automobolística, mas agora protestam contra um projeto que, por incrível que pareça, corresponderá a um gasto insignificante por parte do governo, porque será realizado em parceria com as grandes empresas de telefonia, a quem interessa inserir esse enorme contingente entre seu corpo de consumidores.
O projeto inclui um crédito gratuito de 7 reais em ligações, outro ponto que despertou a ira santa dos novos paladinos da injustiça. Eu acho que deveria ser muito mais; de qualquer forma, o Congresso já aprovou uma tarifa especial com desconto de até 90% para as ligações que excederem o plano básico. Ótimo.
As pessoas que reclamam contra o fato do Bolsa Familia não contemplar a famosa "porta de saída" não percebem que para as pessoas que recebem o benefício poderem arrumar um emprego, precisam de, no mínimo, um contato telefônico, para que as agências de emprego e empresas e indivíduos possam lhes contatar em caso de surgimento de uma vaga.
O Globo já iniciou campanha contra a medida, pespegando-lhe o caráter eleitoreiro. Novamente repete-se a estratégia torta de denegrir a própria essência democrática, o pacto mais nobre e positivo de uma democracia, que é o governante fazer o bem para o povo e o povo, em troca, votar nele. Isso não é eleitoreiro. Isso é eleitoral, é democracia. Eleitoreiro, no sentido pejorativo, é gastar em propaganda inútil, como faz o senhor José Serra, que pagou anúncios televisivos da Sabesp, companhia de água de São Paulo, para serem exibidos em todo país, embora a empresa preste serviços apenas no estado que ele governa.
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Quando o governo FHC doou, a fundo perdido, o equivalente hoje a mais de 70 bilhões de reais aos bancos privados brasileiros, naquela vergonha inominável que foi o Proer, os jornalões defenderam a medida, mostrando-a como inteligente e necessária. Agora, quando miseráveis podem receber celulares que não vão custar quase nada ao contribuinte, e que serão, por outro lado, tão importantes para que eles possam dar um passinho para cima na infinita escadaria social que ainda terão que escalar para atingirem um patamar econômico decente, a mídia vem com toda essa baixaria eleitoral.
O que vemos, na verdade, são forças políticas apavoradas com o fato do governo Lula ter descoberta uma mina de ouro eleitoral. Faça um governo voltado para os mais pobres, que você terá enorme popularidade e ganhará as eleições. Essa é uma estratégia assumida, transparente e legítima.
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Desde a sua fundação, O Globo é contra qualquer medida que beneficie os trabalhadores. A campanha do Globo contra o salário mínimo foi a coisa mais nojenta que eu vi na imprensa, quando fiz pesquisa sobre a posição política do jornal nos anos 50. E sempre houve esse conluio entre oposição parlamentar e a imprensa. Os senadores subiam à tribuna empunhando um exemplar do Globo. Isso em 1952!
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O artigo de FHC, no qual ele fala em subperonismo, traz uma citação errada. Atribui à Hamlet uma fala de Polônio, outro personagem na peça de Shakeaspeare. Catei a descoberta nesse excelente post do Caleiros.
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Por falar em subperonismo, deixei passar uma carta de um argentino, radicado há 20 anos no Brasil, publicada ontem na Folha, na qual ele se indigna com esta comparação esdrúxula, que distorce e agride tanto a história de nossos hermanos quanto o nosso presente. FHC é um trouxa mesmo. Antigamente ele falava em destruir o varguismo. Como isso passou a pegar mal, porque Vargas ainda é popular, agora ele vem com essa de peronismo, que quase ninguém no Brasil conhece. E para dar um toque ainda mais misterioso à coisa, dificultando críticas mesmo por parte de quem sabe o que é o bicho, ele fala em subperonismo. O pior (chega a ser engraçado) é que todos os papagaios começaram a repetir o troço, sem nem saber direito do que se trata.
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Ainda sobre o subperonismo, vale a pena ler o artigo de Cândido Mendes, intelectual cascudão, honesto, severo, de 81 anos, no qual ele responde à pergunta-título (Para onde vamos?) do artigo de FHC. Mais uma que devo ao Azenha
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