PEDÁGIOS EM SÃO PAULO

Nossa, que terrrorismo !! Mas....vamos ver !

26/12 - 00:51 Para não dizer que não falei de flores 26 de Dezembro de 2008 - Já gastamos muita tinta com previsões sombrias para 2009. Mas, será que não há nada de bom no horizonte? Arrisco a dizer que talvez possamos comemorar algumas conquistas. A primeira delas é que a crise definitivamente nos incluiu na lista dos países que de fato importam. Vale a pena reproduzir o que escreveu Henry Kissinger no especial da The Economist para 2009: "The G8 will need a new role to embrace China, India, Brazil and perhaps South Africa." Mais enfático é o próprio editorial da revista: "The shift in power to places such Brazil, Russia, India and China will quicken. These countries will expect a bigger say in how the world is run". Portanto, a crise vai exigir um papel de maior responsabilidade do Brasil. O que significa cuidarmos da consolidação da democracia, da construção de um Estado moderno e transparente, da luta contra a corrupção, e contribuir para as soluções da mudança climática global. A segunda notícia boa que nos espera é uma aposta que faço: em 2009 abdicaremos de um mix de política monetária e fiscal que vem travando nosso crescimento já há alguns anos. A nova realidade mundial tornou evidente a obsolescência de nossa política monetária. Há alguns anos, em razão da necessidade de consolidar nossa estabilização, ainda se justificava praticar uma política monetária muito dura. Sua razão maior era controlar a inflação, tanto limitando o crescimento da economia como regulando a taxa de câmbio. O resultado foi um crescimento baixo frente às demais economias emergentes e câmbio valorizado. Mas de que serve essa política monetária agora? Para nada. A ruptura causada pela crise internacional abre a oportunidade de revê-la de forma substancial uma vez que: a corrida para a segurança faz com que mesmo diferenciais extraordinariamente elevados de juros não tenham efeito na taxa de câmbio. Apesar da valorização cambial, a inflação vai permanecer sob controle em função da forte deflação de preços no plano internacional e do menor crescimento (ou da recessão) no plano doméstico; as condições em que operava o mercado internacional de crédito - de extraordinária liquidez - não irão se restabelecer tão cedo; e as políticas monetárias dos países centrais sinalizam para juros negativos por um período longo. No Brasil, o investimento já despencou e é visível a queda no consumo. A velocidade com que o consumo vai cair é a dúvida. Se o pessimismo que já atinge a classe média se generalizar, teremos fortes problemas. Se a isso se somar desemprego e queda da massa salarial, pior. De outra parte, as exportações vão demorar a responder à desvalorização do real porque os mercados vão andar para trás e os termos de troca tendem a piorar. Para evitarmos uma recessão vamos precisar não só restabelecer as condições de confiança no mercado financeiro e ampliar a liquidez, mas vamos precisar de um forte ativismo fiscal. Quando os sinais dessas mudanças ficarem claros - provavelmente no fim de janeiro -, o desespero vai impor medidas mais contundentes de política econômica. Será preciso uma redução muito forte da taxa Selic. No entanto, acho que mais uma vez será uma redução decepcionante. Mas a cobrança vai impor uma redução forte nos meses seguintes. Se não for feita, muda a direção do Banco Central (BC). Evidente que não basta fazer uma redução substancial da Selic. É preciso sinalizar com uma política fiscal consistente. Necessitamos organizar um programa emergencial de gasto em infra-estrutura de cerca de 2% do PIB por ano, para uma maior eficiência da economia brasileira. Para isso, o governo necessita segurar o custeio e avançar na reforma da previdência (até porque a formalidade vai cair). O setor privado pode contribuir muito, indicando prioridades e gargalos burocráticos, participando como parceiro, melhorando a gestão das ações, etc. Não são tarefas fáceis, mas são necessárias. Espero que essa agenda vingue. Temos um cadáver sobre a mesa e alguém precisa enterrá-lo. Se não o fizermos, nós todos ficaremos reféns de sua presença incômoda. Não é preciso um fisiologista ou um economista para explicar o que significa deixá-lo ali parado. Mas acho que o cenário - que não será bom de qualquer forma - vai nos trazer ao menos essa boa notícia: vamos dar o justo descanso a nossa moribunda política monetária.

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