Banco surgiu para financiar cafeicultor falido
TONI SCIARRETTACoordenador de Economiada Folha Online
O Banespa surgiu com a necessidade de se financiar a cultura cafeeira paulista no início do século. Batizado inicialmente de Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo, o banco estatal paulista foi fundado em 14 de junho de 1909. O título Banco do Estado de São Paulo só foi adotado em 1926.
Passado francêsO Banespa, hoje um dos bastiões do nacionalismo brasileiro, já teve inclusive capital estrangeiro, de origem francesa. Foi nacionalizado apenas em 1919, quando o Tesouro Estadual comprou o controle francês com ajuda financeira do então poderoso Instituto do Café.
Em 1932 provocou escândalo na sociedade paulistana a admitir uma mulher, Maria Eugênia Guimarães, como funcionária efetiva. Surgia então a primeira bancária brasileira.
O Banespa começou seu "imperialismo" em 1937, ao abrir sua primeira agência em outro Estado. Foi a agência de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Em 1968, criou a Cabesp, a caixa de assistência dos funcionários, que hoje tem hoje cerca de 15,5% das ações com direito a voto do banco.
Em 1971, criou o Cheque Especial Banespa, popularizando o atendimento personalizado a clientes. Em 1973, foi aberto o primeiro escritório de representação internacional do Banespa em Nova York.
O primeiro sistema de previdência dos funcionários do Banespa é criado em 1975. Os funcionários que se aposentaram antes deste ano tem pensão bancada pelo banco.
Em 1983 é fundada a hoje temida Afubesp (Associação dos Funcionários do Banespa), um dos sindicatos mais fortes do país.
DívidasA maior parte do endividamento do Banespa aconteceu entre o final dos anos 80 e início dos anos 90. O Banespa era o principal motor dos governadores. Quando a situação apertava, o Palácio dos Bandeirantes obrigava o banco a comprar títulos emitidos pelo Estado.
Na contabilidade do Banespa, os auditores do Banco Central encontraram uma dívida de R$ 20 bilhões em papéis que o Estado não resgatou. Nos últimos 15 anos, o governo federal tentou várias vezes enquadrar o banco mas não obteve sucesso.
O governador explorava o banco já pensando em rolar a dívida para o sucessor, e este, quando assumia, corria a Brasília para pedir socorro alegando que a culpa não era dele. O BC também não se empenhava muito nas tentativas de conserto, para evitar disputas.
Intervenção O Banco Central interveio no Banespa em 1994, quando colocou o banco no Raet (Regime de Administração Especial Temporária). O saneamento do Banespa consumiu R$ 45,5 bilhões dos cofres públicos, praticamente a metade de todo o orçamento colocado à disposição do Proes, o programa de socorro aos bancos estaduais, que custou R$ 90 bilhões.
O montante seria suficiente para aumentar em 4,5 vezes os gastos com saúde pública e abrir 300 mil quilômetros de rodovias.
O presidente Fernando Henrique Cardoso determinou a demissão de toda a diretoria do Banespa em junho de 1999. Federalizado, o banco havia conseguido liminar na Justiça para não pagar CPMF.
Multa de R$ 2,8 biAinda no ano passado, a Receita Federal aplicou multa de R$ 2,8 bilhões porque o banco não recolhia imposto de renda para complementar as aposentadorias dos funcionários admitidos até maio de 1975. No final do ano passado, o governo federal fechou acordo para comprar, por R$ 1,96 bilhão, os 33% do capital social do Banespa que ainda estavam em poder do governo paulista. O dinheiro serviu para quitar a parcela da dívida de São Paulo com a União que deveria ter sido paga em novembro de 98. Na época, o valor de venda do banco foi definido em R$ 5,95 bilhões, considerando-se a multa de R$ 2,8 bilhões aplicada pela RECEITA,
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