Por palanque no DF, PSDB de Serra ‘fecha’ com Roriz
Marcello Casal/ABr/Arquivo
No Brasil dos últimos anos, a coerência política tornou-se coisa remota e inencontrável. Sumiu de cena.
Velha e rejeitada, enlouqueceu. Recolhida a um hospício desconhecido, a coerência faz tricô com as linhas da contradição.
Nesta segunda (5), o PSDB renovou o estoque de novelos que mantém a envelhecida senhora ocupada.
Depois de anunciar a conversão de Índio ‘Ficha Limpa’ da Costa em vice de José Serra, o tucanato aliou-se em Brasília a Joaquim ‘Prontuário Sujo’ Roriz.
Roriz (PSC) disputará o governo do DF ao lado de dois candidatos ao Senado: Maria de Lourdes Abadia (PSDB) e Alberto Fraga (DEM).
A trinca oferecerá palanque na Capital da República a Serra. A chapa será registrada ainda nesta segunda.
De antemão, o procurador eleitoral do DF, Renato Brill de Góes, avisa: vai à Justiça para impugnar a candidatura de Roriz.
Pretende enquadrá-lo na recém-nascida lei da Ficha Limpa, da qual o vice de Serra foi um dos relatores na Câmara.
Reza a lei que políticos que renunciam ao mandato para fugir à cassação ficam inelegíveis por oito anos.
Eleito senador em 2006, Roriz renunciou em 2007. Os advogados do candidato já preparam o recurso.
Alegarão que, para os casos de renúncia, a Ficha Limpa só vale para o futuro. Não seria retroativa.
Ao firmar com Roriz uma coligação com ares de aliança partidária com fins lucrativos, o PSDB aproxima Serra de uma encrenca que o candidato prometia conjurar.
Hoje rompido com o ex-tucano e ex-demo José Roberto Arruda, Roriz traz enganchado à biografia o título de mentor político do ex-presidiário.
Autor da cinemateca que fez do “panetonegate” o mais bem documentado escândalo político da história, Durval Barbosa também é cria de Roriz.
Em depoimento à Procuradoria e à PF, Durval disse que o panetone brasiliense foi ao forno sob Roriz. Arruda apenas aumentou as fornada$.
Como se fosse pouco, Roriz é réu em duas ações movidas pelo Ministério Público. Em ambas, é acusado de improbidade administrativa.
Numa, tenta-se condenar Roriz a devolver R$ 13 milhões às arcas do DF. Se condenado, ficará inelegível até 2018.
Noutra, o candidato já arrosta uma condenação de primeira instância. Verificou-se que voou em helicóptero custeado pelo governo quando era ex-governador.
Como se trata de sentença monocrática, expedida por um juiz solitário, a decisão ainda não imprimiu na ficha de Roriz uma nova nódoa.
A lei do Ficha Limpa exige sentenças de segunda instância, decisões de colegiadas.
Deve-se a costura da aliança brasiliense ao presidente do PSDB local, Márcio Machado.
Vem a ser ex-secretário do governo Arruda. Deixou o governo depois que se verificou que estava envolvido na coleta de panetones.
"Esse acordo é do interesse da candidatura do Serra, esse foi o ponto de definição para se chegar ao acordo”, disse o tucano Machado.
“Houve um pedido da Executiva Nacional, que quer um palanque forte para o Serra aqui no DF".
Como se vê, o PSDB parece decidido a converter as eleições de outubro numa loteria sem prêmio no final.
E a democracia, num político que saiu pelo ladrão. E o eleitor num cidadão escalado para optar entre o lamentável e o impensável.
Fica-se com a impressão de que os operadores de Serra, por pragmáticos, trazem os pés no chão. E as mãos também.
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Escrito por Josias de Souza às 18h47
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