PEDÁGIOS EM SÃO PAULO

AS PREVISÕES ECONÔMICAS DOS FUTURÓLOGOS

Previsões naufragam na vida real No mar das instabilidades econômicas, boletim do BC tem na história projeções inexatas Ubirajara Loureiro J.B. Economista é quem sabe explicar hoje por que as previsões formuladas no passado não deram certo. A frase, solta em tom irônico pelo ex-ministro da Fazenda Ernane Galveas, espelha bem o que é o pantanoso terreno das projeções habitualmente feitas por especialistas que tentam antecipar o comportamento futuro de variáveis como produto interno bruto, variações de preços, taxa de inflação, produção industrial. E que frequentemente naufragam no mar da realidade inclemente mesmo diante de modelos econométricos e teorias sofisticadas. No Brasil, o exercício de futurologia é praticado semanalmente, há anos, por orientação do Banco Central, que consulta mais de 100 entidades e instituições, a maior parte das quais ligadas ao sistema financeiro, condensando as previsões no Boletim Focus. Um exame superficial da publicação revela que, aqui como no mundo, as previsões sempre estão sujeitas aos trancos e barrancos da volatilidade dos mercados, como explica o ex-ministro Galveas. Para este ano, as previsões do Focus são de queda de 0,34% no PIB, IPCA de 4,1%, IGP-M de 4,06% e queda de 6,2% na indústria. Variâncias inusitadas Tomando-se apenas alguns exemplos, em janeiro de 2006, por exemplo, os oráculos do mercado estimaram que a produção industrial brasileira cresceria 4% no ano. Mas o crescimento ficou na faixa de 2,8%. Em 2007, a previsão foi de que a industria se expandiria a uma taxa de 3%; em dezembro, a expansão foi nada menos do que o dobro, 6%. As projeções quanto à variação do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) calculado pela Fundação Getúlio Vargas e que serve como parâmetro dos reajustes de aluguéis, tiveram sentido oposto: em janeiro de 2007, o conjunto de especialistas ouvidos pelo BC cravou a possibilidade de uma variação anual de 4,01%; no fim de ano, a taxa ficou em 7,75%. No mesmo ano, a média das opiniões coletadas para o Focus projetava um crescimento de 2,73% para o produto interno bruto do país, mas a realidade teimou em contrariar a ciência, e o PIB cresceu mais do que o dobro da previsão, 5,7%. É bem verdade que as projeções são corrigidas periodicamente e, ao fim de cada ano, as discrepâncias ficam menos gritantes. No governo, os exemplos de mudanças são muitos: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já reduziu de 4% para 1%, em poucos meses, suas previsões de alta do PIB. Seu colega do Trabalho, Carlos Lupi, insiste que crescerá 2%. É esperar para conferir. – Essas previsões do Focus têm que ser vistas com cautela. De um modo geral, expressam mais os interesses do sistema financeiro. Um viés de alta na previsão pode criar um viés de alta na política monetária. Então, aí se verificam erros de previsão, que são normais, mas maiores do que os de universidades e instituições de pesquisa que dispõem de modelos e estão mais preocupadas com credibilidade, pois são identificadas, ao contrário do Focus, onde a maioria das fontes fica anônima – diz Reinaldo Gonçalves, professor de Economia da UFRJ. Gonçalves destaca ainda que, de um modo geral, o conjunto de previsões reunidas no boletim divulgado pelo BC não é fruto de modelos de previsão que algumas instituições têm, geralmente universidades ou uma ou outra consultoria que tem um quadro técnico melhor. – Então, ninguém quer ficar muito fora da curva para não errar e chamar atenção, e ocorre o chamado efeito manada. O problema é errar sozinho – explica Mais complacente, Hugo Boff, professor de Econometria da UFRJ diz que, mesmo considerando-se que um ano é um período relativamente curto para a economia, as previsões podem sofrer alterações bruscas, pois as variáveis econômicas têm componentes exógenos, como choques de oferta e de demanda, que podem ocorrer de maneira aleatória. Aí, não há prognóstico que resista. Volatilidade e erro Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central também vai na linha de que projeções são especialmente complexas e sujeitas a erro quando se trata de avaliar a economia real, como na área da produção industrial ou variação do PIB: – A produção também é muito volátil. Quando o empresário sente que não vai haver demanda pela frente, para de investir e começa a queimar os estoques. E não há qualquer acompanhamento estatístico possível de volume de estoques. O que acontece hoje no setor real só vai ser conhecido daqui a dois ou três meses. Há todo o interesse em acertar, porque quem acerta mais – um grupo de cinco instituições selecionado semanalmente sob a denominação Top 5 pelo boletim Focus – tem acesso às reuniões do BC, ganha prestígio. Mas, a partir de seis meses, tudo fica muito incerto – esclarece o ex- diretor do BC Freitas Gomes ainda entende que, na parte de preços, e consequentemente, variação das taxas de inflação, um acompanhamento mais acurado reduz consideravelmente as margens de erro, pois, para começar aproximadamente 30% dos preços no Brasil são administradas.
Domingo, 02 de Agosto de 2009 - 00:00
Digo eu:
Que diria se fossem aqui mencionados nomes como Miriam Leitão e Carlos Sardenberg, que quando erram e como erram, logo vão a procura de suas agências de informações econômicas para justificarem os chutes.
O que penso. Apenas eu penso! http://oquepensabueninho.blogspot.com

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