Em 29 de janeiro de 2003, a revista publicou esta reportagem, mas imagina se ACM fosse um pouquinho amigo do PT, falaria o que logo disse sobre LulA? Nem um mês de governo a imprensa do contra já dava partida para desgastar Lula.
Maurício LimaAna Araujo Veja também Nesta edição O mercado do poder A trajetória dos senadores José Sarney e Antonio Carlos Magalhães é notavelmente semelhante desde sua gênese. Eles estrearam na vida pública no mesmo ano: 1954. Durante quase meio século, galgaram praticamente todos os postos possíveis na política – deputado federal, senador, governador e até presidente da República, no caso de Sarney. Ambos construíram oligarquias poderosas em seu Estado e alargaram sua esfera de influência para níveis nacionais. Curiosamente, o destino de um sempre teve fortes pontos de contato com a sorte do outro. Quando estavam no paraíso, Sarney chegou à Presidência e nomeou ACM para o Ministério das Comunicações. Até quando foram ao inferno, chegaram quase ao mesmo tempo: durante o segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Depois dessa última queda, apostava-se abertamente no fim da carreira política de ambos. Mas o improvável aconteceu. Por força de seus votos e dos apoios políticos que carregam e também pelas mãos do Partido dos Trabalhadores, que sempre os combateu ferozmente, Sarney e ACM estão aí de novo. De braços dados, voltaram ao centro dos acontecimentos na condição de protagonistas da política nacional. A retomada da velha força pôde ser observada nas últimas semanas. Primeiro, nas articulações políticas. Se nenhum imprevisto ocorrer, caberá a Sarney a presidência do Congresso Nacional. Será sua segunda eleição para o cargo, desta vez fortemente impulsionada pela ajuda do governo. Para Antonio Carlos já está previsto um papel de destaque não só de aliado, mas também como conselheiro político do governo. ACM teve intensa participação nos bastidores das eleições para a presidência da Câmara e a do Senado. Para a candidatura de José Sarney, hipotecou o apoio do PFL – um trunfo que pode definir o resultado. Na indicação do petista João Paulo Cunha para presidir a Câmara, ACM impediu a formação de um bloco de seu partido com o PSDB, o que poderia representar uma ameaça aos planos do governo. Os agradecimentos pela atuação de ACM foram publicados no Diário Oficial. O senador baiano vetou a nomeação de um desafeto para a diretoria de habitação da Caixa Econômica Federal e manteve intactos alguns de seus feudos na Bahia. Sarney também recebeu mimos: manteve afilhados em cargos políticos e conseguiu nomear mais alguns novos (veja quadro abaixo). De Jesus A ressurreição de ACM e a de Sarney comprovam mais uma vez o grande senso de oportunismo político das duas figuras. Ao ver a candidatura da filha Roseana destroçada por denúncias de corrupção, Sarney se sentiu vítima de uma armação dos tucanos e rompeu com o governo. No meio da campanha, agarrou-se à candidatura de Lula feito bote salva-vidas e empenhou-se para trazer votos ao petista. No segundo turno, Lula recebeu 1,2 milhão de votos no Maranhão, um Estado sem tradição de apoio ao partido. Já ACM foi o todo-poderoso presidente do Congresso no governo Fernando Henrique, com quem rompeu no final por causa da preferência do governo pelo desafeto Jader Barbalho. Em seguida, o senador baiano envolveu-se no escândalo da violação do painel do Senado e foi obrigado a renunciar. Na campanha presidencial, começou a bordo da canoa de Ciro Gomes. Pouco antes do primeiro turno, percebendo que seu candidato não tinha mais chance, ACM já havia liberado seus aliados para apoiar Lula. No segundo turno, declarou formalmente seu apoio ao petista. A fidelidade de ambos ao candidato vencedor lhes valeu a condição privilegiada de agora. ACM e Sarney são aliados de peso para qualquer governo que precise aprovar emendas constitucionais e projetos de seu interesse. Com uma atuação que transcende os limites de suas bancadas regionais, eles dominam uma parte significativa do Congresso Nacional. Juntos, influenciam os votos de mais de 10% da Câmara dos Deputados e 16% do Senado Federal. Apesar desse cartel respeitável, maior que o de muitos partidos, o PT, se quisesse, não precisaria necessariamente ter ACM e Sarney no mesmo barco. No governo FHC, os tucanos eram dependentes dessas bancadas porque não conseguiam apoio entre deputados e senadores das legendas de centro-esquerda. Desde o início do período Fernando Henrique, a oposição atuou numa postura de confronto muito mais clara do que se vê até agora com o novo governo. Pelo menos por enquanto, o PT tem uma rede de apoio tão extensa no Congresso Nacional que vai de um lado a outro do espectro ideológico partidário e lhe dá maioria com folga. Mesmo assim, o PT não quer arriscar e prefere ter ACM e Sarney a seu lado. "É um pacto com o diabo. Eles ajudam a obter importantes vitórias, mas cobram a fatura dia-a-dia", alerta um tucano que ocupou a secretaria-geral da Presidência. Pelo tamanho do desafio que terá de enfrentar na aprovação de suas propostas no Congresso, o PT acha o preço baixo. O que penso. Apenas eu penso! http://oquepensabueninho.blogspot.com
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